Aos berros, por Hamilton Borges Walê

Há algum tempo não escrevo, não posso deixar que isso ocorra sob o risco de enlouquecer,Escrever, me mantém vivo, Afasta a dor da mediocridade que avança contra a conjuntura nacional.

Criei um Blog e não sei como movimentá-lo, como fazê-lo funcionar, como alimentá-lo, por isso, durante mais de um mês,publiquei textos antigos que fiz sob as trincheiras da Campanha Reaja.

A Reaja fez cinco anos nesses 2010, ano eleitoral, Zumbi mais 15. A Reaja deixou um rastro de vários desafetos entre policiais, membros dos governos de Jaques Wagner e Paulo Souto e um mar de cadáveres exigindo que nós continuemos lutando contra o genocídio. Além de alguns abutres que vivem das carcaças do nosso legado, fazendo projetos de financiamentos baseados em nossa desgraça, Ricardo Andrade é que está certo, no futuro, a história vai cobrar seu preço.

Vejam que a Reaja tem um legado em sua meia década de fúria e ira preta que se espalhou pelo pais. Apenas uma Campanha ..o que somos.

Duas coisas me chamaram a atenção este ano, no mês em que marcávamos 05 anos de contestação aberta à truculência policial, aos grupos de extermínio, ao genocídio dos negros na Bahia/Brasil e a luta contra o projeto industrial Carcerário que o Governo Abraçou e se espalha pelo Estado da Bahia com toda sorte de tortura, violência, desamparo e sexismo contra prisioneiras e as mulheres parentes de presos.

Vamos lá, dia desses a Defensoria Pública do Estado da Bahia inaugurou o Núcleo de Assistência aos Presos e seus Familiares, essa iniciativa é resultado de mais de 300 demandas que nós através da ASFAP– Associação de Familiares de Amigos de Presos e Presas levamos para aquela Defensoria. Pois é, vi num e-mail desses que circulam por essas listas e, fui ao lançamento do Núcleo. Lá não vi nenhum familiar de Presos e Presas, liguei para Adriana Fernandes, presidenta da ASFAP/ BA e ela também não sabia desse lançamento . “agente é invisível nessas horas” disse Adriana, “ tinha muita gente chorando?” respondi que sim, uma emoção grande no lançamento.

É isso, na cerimônia, não havia nenhum familiar de preso para falar sobre sua autonomia e protagonismo, sua dor e solidão e o vexame de ser humilhada na frente do/a agente penitenciário/a que quer poder de policia,que quer portar arma com o apoio do Deputado Pelegrino, que saiu da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos com um bom saldo de inaugurador de cadeia, eu, como disse antes, estive na inauguração desse Núcleo,era como se nós não tivéssemos nada a ver com aquela história. Mas temos, nós somos contra as cadeias, nós organizamos os familiares de presos da Bahia para que ninguém fale por eles em cerimonial, nem nós.

Eu, Lio N’zumbi, Adriana Fernandes, Ricardo Andrade fizemos varias peregrinações até a defensoria junto com centenas de mulheres de presos e parentes de presas, peregrinações com exigências de uma posição da Defensoria sobre a situação dos prisioneiros, nosso monitoramento sobre a Colônia Penal de Simões Filho com seus gazes tóxicos, seu desrespeito a comunidade quilombola, erguida em área de licença ambiental, que Pelegrino manteve aberta com toda violação aos direitos humanos que ela comporta, as agressões aos presos da Cadeia de Lauro de Freitas ufa.... tinha mais , é só acessar as notas da ASFAP pela internet.

Temos o maior respeito pela Defensoria Pública do Estado da Bahia e em particular sua Defensora Chefe que muito nos ouve e apóia ...por isso tomamos a iniciativa de dizer , por nossa própria voz, o que temos que ver com esse núcleo, fazer justiça a história. Nossa posição não nos fará inimigos dessa casa de justiça e dialogo é porque nós é assim mesmo, sem cabresto

Olha , fomos nós que fizemos circular uma frase por ai, a Defensoria Publica da Bahia é nossa última fronteira. São fronteiras essas tretas da política. Se você não estiver atento/a podem te esquecer. Uma das acusações que se faz a nós da Reaja, é de não falar com o Governo. Não pode existir engano maior, nesses 05 anos temos chamado o governo a atenção para o holocausto que sua política de segurança tem levado nossa população.

Vejam, um Governo que batiza sua operações de Saneamento I e II é ou não racista, eugênica e de limpeza étnica? Lembram quando acusávamos o antigo governo de fazer faxina étnica ? ai era? o método continua e deixa de ser?

Dia desses, uma membro do governo, dessas secretarias criadas ai para as “minorias” chamou a ASFAP para conversar sobre “trabalhos” no sistema prisional , já sabiam previamente nossa posição sobre esses “trabalhos”, mesmo assim, aceitamos o convite. É sempre bom conversar, mas o governo queria determinar quem de nós ia participar na reunião. Meu nome foi vetado sem conversa, apenas um telefonema , maior esculacho , mentalidade de carcereiro/a “oprimidor/a” compraram a briga do governo pelos nossas denuncias justas, nos tomam como inimigos e eu fui o sorteado para bode expiatório

Essa confusão de militantes, pseudo militantes, funcionários do governo que não sabem seu lugar e, tentam fazer ingerência no Movimento Social como o nosso . Não citamos nomes aqui em respeito a quem comanda a pasta ...mas nos sentimos desrespeitados/as , muito sentidos por saber qual projeto essa turma defende. Bom vou encerrar aqui mais esse berro

Aqui não somos invisíveis, não seremos esquecidos/as e não seremos tratados/as como funcionários do governo.

Chacina de Pero Vaz , Chacina de Canabrava, Chacina de Vitória da Conquista

Exijam a Demissão imediata de Cezar Nunes

Agradeço a lembrança de Sergio São Bernardo pelos 05 anos da Reaja, uma boa figura foi relacionada a Reaja ...um soco na republica que não chega.

Sergio São Bernardo, quer que sejamos muitos e muitas, por isso não finge que a Reaja não existe

Aos berros

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